Marcada como a década da Segunda Guerra Mundial,1940 também assistiu a processos políticos singulares de mobilização popular na América Latina. Em diversos países, projetos populistas foram eleitos com ampla base social de apoio e deixaram um legado ainda não superado.
A Argentina, por
exemplo, viveu o surgimento do Peronismo. O país enfrentava os primeiros anos
de um golpe militar iniciado em 1943, e o movimento peronista , composto por
diversas classes sociais, culminou na eleição de Juan Domingo Perón em 1946.O
governo caracterizou-se pelo fortalecimento do movimento operário e pela
ampliação dos direitos sociais.
Uma das principais
personagens dessa história é Eva Duarte de Perón, mais conhecida como Evita
Perón. Atriz e esposa de Perón durante o primeiro mandato (1946 a 1952), ela
teve a sua trajetória marcada por forte atuação política, até hoje reverenciada
pelo povo argentino. Evita é lembrada pela defesa dos direitos da classe
trabalhadora, das mulheres, das crianças e dos mais humildes- os
"descamisados".
A história de Evita começa na pequena cidade de Los Toldos, na província de Buenos Aires, capital argentina.
A mais nova de
cinco filhas da costureira Juana Ibarguren, Eva viveu uma infância de
privações.
Nesse contexto,
acontece o terramoto de San Juan, onde morrem mais de 8000 pessoas. Perón, que
era secretário do Trabalho e da Segurança Social, decide convocar artistas para
um grande show nacional. Participaram muitos artistas conhecidos, entre eles
Evita. Aí conhece Perón e começa o vínculo entre os dois, que vai mudar a vida
de Eva.
Evita lutava pelos direitos das mulheres, direitos civis e de trabalho. Os direitos civis tinham a ver com a igualdade dos homens e das mulheres , salários iguais para trabalhos iguais, a educação em todos os âmbitos , a promoção social. Até que finalmente conseguiu que o Parlamento aprovasse a lei do voto feminino que era uma luta antiga das argentinas desde o início do século.
Em dezembro de
1947, foi promulgada a Lei 13.010 , também conhecida como Lei Evita, que
estabelecia o sufrágio feminino e reconhecia a igualdade de direitos políticos
entre mulheres e homens.
Os resultados não demoraram a chegar. Nas eleições de 1951, as mulheres depositavam pela primeira vez seus votos nas urnas argentinas. Foram quase 4 milhões de votos femininos. Mais de metade deles para a sigla do Peronismo. Resultado de uma luta histórica das mulheres, agora elas também ocupavam cargos de poder institucional com a eleição de 23 deputadas e seis senadoras.
Evita também procurou consolidar uma organização exclusiva de mulheres. Em 1947, foi criado o Partido Peronista Feminino, com fortes vínculos na política de saúde e educação. Eva Perón foi eleita Presidente por ampla maioria. O Peronismo, a partir de então, incluiu candidaturas femininas para todos os postos de combate.
Políticas Sociais
Durante o primeiro
mandato de Perón, sob a supervisão de Evita, foi construída uma ampla rede de
saúde. Em menos de dois anos, a Escola de Enfermeiras Evita Perón graduou mais
de 5000 profissionais. Mais de 30 000 novos leitos hospitalares foram
criados.
Legado
Apesar de intensa,
a vida de Evita Perón foi breve. Em 17 de outubro, Dia da Lealdade Peronista,
ela proferiu seu último discurso. Às vésperas da eleição que consagraria Perón
para seu segundo mandato, Evita falou para milhares de argentinos e argentinas
na Praça de Maio, em Buenos Aires.
" Eu não
valho pelo que sou ou pelo que renunciei, pelo que sou ou pelo que tenho. Tenho
uma coisa só que vale, que guardo no coração, que queima minha alma, que dói em
minha carne e arde em meus nervos: o amor por esse povo e por Perón."
Em 26 de julho de
1952 Evita morre, aos 33 anos, deixando uma memória viva ao longo de décadas,
até hoje.
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