domingo, 7 de março de 2021

Evita Perón

 

Marcada como a década da Segunda Guerra Mundial,1940 também assistiu a processos políticos singulares de mobilização popular na América Latina. Em diversos países, projetos populistas foram eleitos com ampla base social de apoio e deixaram um legado ainda não superado.

A Argentina, por exemplo, viveu o surgimento do Peronismo. O país enfrentava os primeiros anos de um golpe militar iniciado em 1943, e o movimento peronista , composto por diversas classes sociais, culminou na eleição de Juan Domingo Perón em 1946.O governo caracterizou-se pelo fortalecimento do movimento operário e pela ampliação dos direitos sociais.

 O legado mais importante de Evita resume-se numa frase : "onde há uma necessidade, nasce um direito ".

Uma das principais personagens dessa história é Eva Duarte de Perón, mais conhecida como Evita Perón. Atriz e esposa de Perón durante o primeiro mandato (1946 a 1952), ela teve a sua trajetória marcada por forte atuação política, até hoje reverenciada pelo povo argentino. Evita é lembrada pela defesa dos direitos da classe trabalhadora, das mulheres, das crianças e dos mais humildes- os "descamisados".

 Uma Origem Popular

A história de Evita começa na pequena cidade de Los Toldos, na província de Buenos Aires, capital argentina.

A mais nova de cinco filhas da costureira Juana Ibarguren, Eva viveu uma infância de privações.

 Na década de 1930, aos quinze anos mudou-se para Buenos Aires com o sonho de tornar atriz. Entre participações nas rádios locais, tornou-se conhecida e ganhou protagonismo como locutora de radionovelas. Em 1944, conheceu seu futuro marido, Juan Perón. 

Nesse contexto, acontece o terramoto de San Juan, onde morrem mais de 8000 pessoas. Perón, que era secretário do Trabalho e da Segurança Social, decide convocar artistas para um grande show nacional. Participaram muitos artistas conhecidos, entre eles Evita. Aí conhece Perón e começa o vínculo entre os dois, que vai mudar a vida de Eva. 

 Em outubro de 1945, Perón, então vice-presidente do país , é afastado de seu cargo por um golpe civil e militar e, em seguida, preso. Evita foi responsável por dirigir uma ampla campanha de agitação social que, em 17 de outubro, reuniu milhões de trabalhadores no centro da capital para exigir a liberdade de Perón, numa das maiores manifestações populares da história do país. Desde então, o 17 de outubro marca o Dia da Lealdade Peronista. Finalmente, em fevereiro de 1946, Juan Domingos Perón é eleito para a Presidência com 56% dos votos. 

 Organização Política das Argentinas

 Os direitos e a politização das mulheres argentinas foram parte fundamental das ações de Eva Perón. 

Evita lutava pelos direitos das mulheres, direitos civis e de trabalho. Os direitos civis tinham a ver com a igualdade dos homens e das mulheres , salários iguais para trabalhos iguais, a educação em todos os âmbitos , a promoção social. Até que finalmente conseguiu que o Parlamento aprovasse a lei do voto feminino que era uma luta antiga das argentinas desde o início do século.

Em dezembro de 1947, foi promulgada a Lei 13.010 , também conhecida como Lei Evita, que estabelecia o sufrágio feminino e reconhecia a igualdade de direitos políticos entre mulheres e homens.

Os resultados não demoraram a chegar. Nas eleições de 1951, as mulheres depositavam pela primeira vez seus votos nas urnas argentinas. Foram quase 4 milhões de votos femininos. Mais de metade deles para a sigla do Peronismo. Resultado de uma luta histórica das mulheres, agora elas também ocupavam cargos de poder institucional com a eleição de 23 deputadas e seis senadoras.

Evita também procurou consolidar uma organização exclusiva de mulheres. Em 1947, foi criado o Partido Peronista Feminino, com fortes vínculos na política de saúde e educação. Eva Perón foi eleita Presidente por ampla maioria. O Peronismo, a partir de então, incluiu candidaturas femininas para todos os postos de combate. 

Políticas Sociais

 Em 1948, Evita cria a Fundação Eva Perón, instituição de assistência social que atuava junto do Estado argentino. A saúde pública foi tema de grande dedicação da líder política. Dá-se início a uma impressionante construção de hospitais, solidariedade social distribuição de medicamentos, o que a vai colocando em lugar de enorme reconhecimento popular. 

Durante o primeiro mandato de Perón, sob a supervisão de Evita, foi construída uma ampla rede de saúde. Em menos de dois anos, a Escola de Enfermeiras Evita Perón graduou mais de 5000 profissionais. Mais de 30 000 novos leitos hospitalares foram criados. 

 Com a ideia de que nem todos os "descamisados" conseguiam chegar aos hospitais, em 1951 ela inaugura um novo estilo de atenção médica: um comboio que viajava pelo país por quatro meses levando atendimento médico à população e educação sobre higiene e medicina preventiva. 

 A Fundação também criou escolas em tempo integral para as crianças mais pobres, que abrigaram cerca de 16 000 crianças numa época em que a população total da Argentina era de 16 milhões de habitantes. 

Legado

Apesar de intensa, a vida de Evita Perón foi breve. Em 17 de outubro, Dia da Lealdade Peronista, ela proferiu seu último discurso. Às vésperas da eleição que consagraria Perón para seu segundo mandato, Evita falou para milhares de argentinos e argentinas na Praça de Maio, em Buenos Aires.

" Eu não valho pelo que sou ou pelo que renunciei, pelo que sou ou pelo que tenho. Tenho uma coisa só que vale, que guardo no coração, que queima minha alma, que dói em minha carne e arde em meus nervos: o amor por esse povo e por Perón."

Em 26 de julho de 1952 Evita morre, aos 33 anos, deixando uma memória viva ao longo de décadas, até hoje.

 


Sem comentários:

Enviar um comentário

Semana dos Afetos

  Para assinalar o Dia dos Namorados, a equipa da BE desafiou a comunidade educativa a expressar o seu amor e a espalhar amor! Assim, todos ...