LENDA DA BAUNILHA
Há muito, muito tempo,
quando os Deuses viviam entre os Homens, numa cidade muito distante e num
grande e lindo palácio, vivia Xanath, uma formosa Princesa.
Xanath todos os dias
passeava e visitava o lugar das cerimónias sagradas – El
Tajín.
Um dia, quando foi fazer uma
oferta a Chac-Mool (o Mensageiro Divino), Xanath conheceu Tzarahuín, um alegre
e bonito rapaz, cuja voz soava ao canto de um pássaro.
Tzarahuín acompanhou-a de
volta ao palácio e os dois jovens sentiram-se atraídos um pelo outro. Ambos
sabiam que a sua relação não seria bem recebida, pois ela era uma Princesa,
educada pelos melhores mestres e ele um simples lavrador, trabalhava a terra de
sol a sol e morava numa casa muito pobre.
Mesmo assim, os jovens
continuaram a encontrar-se, às escondidas, quando Tzarahuín ia ao mercado
vender os produtos das suas colheitas. E um grande amor foi crescendo entre
eles.
Xanath continuava a visitar
os lugares sagrados e numa das suas visitas foi surpreendida com o olhar
penetrante do Deus da Felicidade, um Deus grande e forte cuja figura metia
respeito.
Xanath fez de conta que não
viu a forma como ele a olhou, mas o Deus não se deu por vencido e a partir
desse dia passou a cortejá-la com insistência.
Quando percebeu que Xanath o
rejeitava, deixou de lhe fazer elogios e passou a ameaçá-la com a fúria de
todos os Deuses.
Mas Xanath amava Tzarahuín
e, apesar do medo, não cedeu à pressão daquele Deus grande e forte.
Este insistia, insistia e
arquitetou um novo plano: ganhar a confiança do pai da Princesa.
Preparou uma grande festa,
enfeitou o seu luxuoso palácio, vestiu o seu melhor traje e convidou o pai de
Xanath, a quem tratou como um familiar e concedeu honras como se também este
fosse um Deus.
Conseguiu, assim, a sua
simpatia e quando lhe disse que queria casar com a Princesa, o pai, encantado,
respondeu-lhe logo que dava o seu consentimento porque era uma honra ver a sua
filha casada com um Deus.
Xanath é que não concordou e
recusou-se a casar com aquele Deus que tanto medo lhe metia. Ela amava
Tzarahuín e, embora ele fosse pobre, era com ele que ela queria casar.
O pai, desesperado com a
atitude da Princesa, marcou um novo encontro com o Deus, esperando que, até lá,
ela mudasse de ideias.
Xanath mantinha-se firme no
seu amor e na sua decisão. Assim, quando se reuniram, recusou novamente o
pedido do Deus da Felicidade.
Este, cheio de raiva, ali
mesmo e naquele momento, a amaldiçoou transformando-a numa planta frágil, de
flores brancas e com um aroma diferente dos que até então se conheciam – a baunilha.
Ana Mafalda Damião
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