Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
(António Gedeão)
Para ouvirmos o poema cantado pelo Adriano Correia de Oliveira, clica no link:
Este poema condena o racismo.O sujeito poético analisa uma lágrima de uma mulher negra, testa de maneira científica e chega à conclusão que essa lágrima é igual a todas as outras!
Nos tempos em que vivemos, pleno séc. XXI, já todos deveríamos saber que a cor da pele não interessa, pois no fundo somos todos iguais! Todos temos os mesmos direitos (e os mesmos deveres) na sociedade.
A verdadeira pandemia deste século é o racismo e, infelizmente, para este não há vacina!
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